4º edição do Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web - Todos@Web (Foto: Ricardo Matsukawa).

Como planejar um evento acessível

O que é acessibilidade, a quem esse direito atende e como implementar a prática em um evento online?

Passado o ano de 2020, temos mudanças em nossa organização social. Com a necessidade de ficar em casa, nos adaptamos a um modo de vida diferente. A partir disso, se torna necessário pensar se nos encontramos preparados para incluir a todos na realidade que também pode ser virtual. Pensar em todos (todes) implica pensar em acessibilidade, ou seja, o acesso, também, a pessoas com deficiência.

Como, então, criar e organizar um evento acessível?

O que é acessibilidade?

A acessibilidade busca proporcionar acesso igualitário às atividades, informações e serviços disponibilizados na sociedade. A acessibilidade digital, por sua vez, busca atender a esse direito em meios digitais. 

A partir da década de 80, no Brasil, em consequência da expansão urbana nacional e das mudanças no cenário político, grupos que reivindicavam seus direitos alcançaram alguns objetivos (Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989), seguindo o ritmo internacional que, em 1981, tem seu marco como Ano Internacional da Pessoa com Deficiência. Nos anos 2000 e 2012, outras duas leis promulgam a aplicação de acesso a pessoas com mobilidade reduzida.

Em relação à Acessibilidade Digital no Brasil, o artigo 63 da Lei nº 13.146 – Lei Brasileira de Inclusão à pessoa com deficiência (LBI), declara que:


“É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.”  (BRASIL, 2015, p. 6)

Quem tem direito?

No meio digital, o acesso se adequa às novas condições. Quer dizer, a acessibilidade atende às pessoas com deficiência auditiva, visual, motora ou cognitiva; além disso, compreende facilitar o acesso a pessoas pouco experientes no meio digital, pessoas pouco ou nada alfabetizadas, pessoas idosas, pessoas com baixa conexão de internet, etc.

Agora: como planejar um evento acessível?

O Marketing

Para garantir um evento integralmente acessível, a disponibilização consciente e igualitária dos conteúdos deve ser seu foco do início ao fim, desde a etapa de divulgação do evento até a apresentação dos seus resultados.

Para tornar o marketing digital realizado em redes sociais acessível a todos (todes), atente-se a:

  • Usar os recursos da rede social para descrição textual de imagens ou vídeos nas suas publicações, além da hashtag #PraCegoVer (usando sempre maiúscula na primeira letra de cada palavra), para ser acessível a softwares leitores de tela; 
  • Adicionar legendas nos vídeos que publicar. Algumas redes sociais e aplicativos de edição de vídeo possuem a funcionalidade de gerar legendas automaticamente;
  • Fazer seus posts com linguagem adequada a todos os públicos, de maneira clara, objetiva e compreensível;
  • Utilizar imagens igualmente compreensíveis, com cores que possuem um bom nível de contraste e fontes em tamanho grande o necessário para serem bem vistas.

AMBIENTE DIGITAL

Em um evento totalmente online, é de extrema importância escolher bem o ambiente digital que irá hospedar o seu evento. Desta forma, é possível garantir uma boa performance nas funcionalidades, que vão desde a divulgação, inscrições, pagamentos até transmissão.

No Brasil, o principal documento norteador para o desenvolvimento acessível, e também para a adaptação de conteúdos digitais, é o Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (eMAG). 

O eMAG elenca recomendações que permitem a implementação da acessibilidade digital de forma padronizada, fácil, coerente com as necessidades brasileiras e em conformidade com os padrões internacionais, especialmente as WCAG (Web Content Accessibility Guidelines: Recomendações de Acessibilidade para Conteúdo Web), que é o principal documento norteador internacional (BRASIL, 2014).

Essas recomendações devem ser levadas em conta no momento do desenvolvimento ou escolha do ambiente digital em que seu evento será hospedado.

CONTEÚDO DO EVENTO

Os conteúdos das apresentações devem ser acessíveis também, incluindo desde os materiais digitais utilizados nas atividades, até a apresentação oral dos colaboradores. Para isto, atente-se a:

  • Autodescrição do orador: consiste na descrição, por parte do orador, das suas características físicas para pessoas com deficiência visual;
  • Audiodescrição de imagens: é a tradução em palavras do conteúdo das imagens, para pessoas com deficiência visual; lembrando de seguir as ordens de cima para baixo, da esquerda para a direita (prática da maior parte das culturas).
  • Intérprete de Libras: as transmissões em vídeo realizadas em um evento, seja ao vivo ou gravadas, devem ser interpretadas em Libras para que participantes surdos possam compreender;
  • Legendas e Closed Captions: os vídeos também devem conter legenda ou a opção de visualizar as Closed Captions, para deficientes auditivos que não dominam a Língua Brasileira de Sinais. 

SUPORTE E COMUNICAÇÃO

A comunicação entre os organizadores de eventos e seus participantes é fundamental para que este ocorra com sucesso, seja para tirar dúvidas ou oferecer suporte. Assim como no restante dos quesitos, neste também deve-se atentar à promoção da acessibilidade, disponibilizando canais de comunicação acessíveis a todos. 

É importante oferecer a possibilidade de interação durante as atrações do evento, através de comentários em transmissões de vídeo, além da possibilidade de serviço de mensagens instantâneas, para que os participantes se comuniquem via chat, seja este no site do evento ou em um aplicativo próprio para isso, como o Whatsapp, Facebook Messenger, Telegram, entre outros. 

Para promover a acessibilidade nesses canais, tenha profissionais disponíveis para responder aos participantes, e se necessário realizar vídeo-chamadas juntamente com intérpretes de Libras, caso o participante seja surdo, por exemplo. 

E não esqueça de usar uma linguagem simples e compreensível a todos durante os processos de comunicação.

O QUE VOCÊ ENCONTRA NA SOFTALIZA

Intérprete virtual de Libras 

A Softaliza, por meio do Ciente Live, disponibiliza recursos de acessibilidade para quem solicita a inclusão desses recursos em seu evento. Desta forma, temos como exemplo CBTA 2020, que solicitou e utilizou o intérprete de Libras virtual, que é o VLibras, governamental e gratuito. Este plugin traduz todos os conteúdos textuais da plataforma em Libras. A organização, no entanto, pode pensar em contratar uma pessoa intérprete.

 Plugin de ferramentas de acessibilidade e compatibilidade com leitor de tela

Outros recursos são o aumento de contraste e aumento do tamanho das fontes, que são mais voltados para pessoas com deficiência visual e se encontram nas ferramentas de Acessibilidade (Opções: aumentar e reduzir texto, escala de cinza, alto contraste, contraste negativo, luz de fundo, links sublinhados, fonte legível). O mais usado, também, para este caso, são os leitores de tela.

Conteúdo do Redesign Academy: Para as pessoas sem deficiência a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência a tecnologia torna as coisas possíveis (Mary Pat Radabaugh, diretora do IBM National Support Center for Persons with Disabilities).

Isabella Sakis, CEO da Softaliza, explica que “oferecer acessibilidade não é apenas oferecer recursos adicionais, mas sim estruturar a página da web, por exemplo, de acordo com os padrões de acessibilidade. Isso é básico e conseguimos oferecer. O atendimento e a organização, como os Customer Success, podem estar voltados para isso mais do que a tecnologia em si”.

Então, para que a acessibilidade seja assegurada, é importante atentar no processo organizativo do início ao fim, conforme narramos neste texto, e contar com empresas que tenham suporte para as tecnologias disponíveis, além de um Customer Success inteirado desta realidade e disposto a oferecer uma experiência inclusiva.

DUAS SUGESTÕES DE CONTEÚDO INCLUSIVO NO INSTAGRAM:

 Movimento Web para todos

Redesign Academy (em português)

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Giovanna Robalo